domingo, 27 de outubro de 2013

Tema da redação do Enem 2013: Lei Seca.

http://m.g1.globo.com/educacao/enem/2013/noticia/2013/10/tema-da-redacao-do-enem-2013-fala-sobre-lei-seca-no-brasil.html



A prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2013 tem como tema "Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil”. A informação foi divulgada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) minutos após o fechamento dos portões dos locais de prova pelo Brasil.
Pelo Twitter, o Inep afirmou que "sobre esse tema, os participantes devem desenvolver um texto dissertativo-argumentativo segundo os critérios definidos no Edital do exame." A autarquia do Ministério da Educação disse ainda que os candidatos deverão redigir o texto "a partir de leitura dos textos motivadores apresentados no exame".
Veja abaixo todos os temas que já caíram na prova de redação do Enem :
A redação do Enem exige do candidato o domínio da língua portuguesa, a compreensão do tema, a capacidade de organizar as ideias, a argumentação e a solução do aluno para o tema sugerido. Fugir ao tema é um dos motivos que pode levar os examinadores do Enem a dar nota zero para a redação do candidato.
O texte deve ser redigido no formato dissertativo-argumentativo de no mínimo oito e no máximo 30 linhas. O tema da redação do Enem vem acompanhado pelo o que Ministério da Educação chama de "textos motivadores", que podem ser charges, quadrinhos, trechos de livros, notícias ou outros tipos de texto para fazer o estudante refletir e ajudá-lo na produção da redação. Segundo o manual da redação divulgado pelo Inep, o título é um elemento opcional na produção da sua redação.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

RECADO DA PROFESSORA MARLISE SOBRE O QUE FAZER NESSAS ÚLTIMAS HORAS ANTES DO ENEM

Oi pessoal!! Larissa aqui : ) Sei exatamente como vocês estão se sentindo porque eu já passei por isso!! Mas para tranquilizar todo mundo, segue um recado da professora Marlise sobre o que fazer (ou NÃO fazer) nessas últimas horas antes da prova: 


Escrevi esses dias na minha linha do tempo mais ou menos assim: Perguntas da semana que receberam e receberão NÃO:
Marlise, tu sabes o tema da redação do ENEM?
Marlise, posso te entregar 437 redações pra tu dares uma "olhadinha"?
Marlise, se eu ler um livro essa semana minha redação melhora?
Marlise, será que o Chico Xavier pode aparecer no dia e me ditar uma redação?
Claro que esse trecho tem um tom de ironia e brincadeira, mas pensem bem: não é assim que ficamos quando estamos na véspera de alguma prova? Inseguros, tentando correr atrás do tempo perdido, lendo tudo e mais um pouco e acreditando em boatos sem nenhum fundamento. Agora é hora de relaxar. Quando a carga é muito grande, seja posta por nós ou pelos outros, é difícil “colocar no papel” aquilo que aprendemos, ficamos presos. Então, agora é hora de ficar tranquilo, não adianta mais se “descabelar”. Nós, do RED, acreditamos em cada um que teve o interesse de nos procurar e a humildade de aceitar e corrigir seus “erros”. Pedimos desculpas pela demora na entrega de algumas redações, mas tenho certeza que todas receberam a devida atenção. Boa prova para todos. Ano que vem será de vitórias, mas por favor passem por aqui para contá-las. Abraços virtuais Prof.ª Marlise e time do RED.


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

10 dicas para fazer a redação do Enem - Tribuna da Bahia


A Tribuna da Bahia publicou essas dicas recentemente. Vale ler para ter tudo fresquinho na mente : ) 
Para quem está nos preparativos finais para prestar o Enem - que será realizado nos dias 26 e 27 de outubro - e outros exames, ainda dá tempo de se aprimorar para encarar as provas escritas e os testes.
Como a redação é um dos itens com mais “peso” nas avaliações, é importante dar uma atenção especial à escrita. A Doutora em Linguística e em Língua Portuguesa Vera Lúcia Pereira dos Santos, também suporte pedagógico de Português no Ético Sistema de Ensino, da Saraiva, dá dez dicas para ajudá-lo a produzir um texto que seja bem-avaliado.
1. Organize as ideias antes de começar a escrever. Faça um plano, um roteiro de seu texto e siga o planejado. Partindo da situação-problema oferecida na prova, redija um material dissertativo-argumentativo, com fatos e argumentos para defender a sua opinião sobre o tema e possíveis soluções para o problema proposto
2. Tenha cuidado com a gramática. Além de escrever de modo lógico e objetivo, é preciso saber acentuar, ficar atento à concordância verbal e nominal, conhecer os preceitos de ortografia e ter habilidade com conectivos, pronomes e verbos. É importante ainda o conhecimento da regência verbal e nominal
3. Evite períodos longos e usar expressões como “eu acho” e “eu penso”. Torne as frases leves e curtas, sem inversão da sequência de dados e opiniões usando linguagem simples. Desde que usados adequadamente, para encerrar frases que expressam ideias diferentes, não faça economia de pontos finais
4. Saiba cercar-se de fontes. O estudante pode manejar uma coletânea de textos, que deve ser usada somente como referência para encaminhar seu próprio texto, sem transcrever frases alheias. A redação precisa ter autonomia em relação à proposta, ou seja, deve ser compreendida até por um leitor que desconhece o tema do exame
5. Concilie tema e proposta. Seja qual for a sua opinião, defenda-a com sensatez. Leia atentamente o que é proposto, avalie os conceitos e os argumentos em contrário. Mostre que compreendeu o tema e que sabe contextualizá-lo, de forma crítica e reflexiva, em um texto em prosa que seja claro e coerente
6. Evite fórmulas prontas. Há redatores que colecionam fórmulas mágicas e técnicas em um amontoado de efeitos que levam a um texto pífio ou sem noção de autoria. Utilize termos que sejam adequados ao seu tom e não tente usar expressões eruditas para impressionar os avaliadores. Seja simples e direto
7. Tenha estilo próprio. É muito importante que a redação tenha um rosto, por meio do qual se vislumbre um estilo por parte do redator
8. Enriqueça seu repertório. Manter-se atualizado e a par dos principais fatos é essencial
9. Título e tema devem estar em sintonia. É comum desvirtuar o tema proposto quando o vestibulando coloca um título sem relação com o mote e discorre sobre outro assunto. Se houver necessidade de título, coloque-o depois de elaborar o texto, sintetizando o que foi dito ao longo da redação
10. Utilize a norma culta prioritariamente. Fuja das abreviações do “internetês”, das marcas de oralidade como “né” e “ok” e de equívocos insistentes como “mortandela”, “rúbrica” e “perca” (em vez de “perda”)
Para finalizar, a Doutora em Linguística e em Língua Portuguesa destaca que os dois maiores vilões de uma redação, em que a oralidade não deve predominar, são os modismos e os clichês. “No primeiro, incluo expressões ou hábitos, modo de falar admitido pelo uso de uma língua, com caráter passageiro, nem sempre contrário à norma culta. Já em clichês estão as frases feitas e os vícios de linguagem, caracterizados pela durabilidade. Ambos têm em comum a repetição, o fato de empobrecer o vocabulário e denotar falta de estilo próprio. Então, devem ser evitados”, explica Vera.
http://www.tribunadabahia.com.br/2013/10/02/10-dicas-para-fazer-redacao-do-enem

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Balanço Panorâmico do Brasil Atual - por Roberto Civita


Olá  RED, tudo bem? Segue o discurso do Roberto Civita (presidente do conselho do Grupo Abril). Neste discurso ele resume de forma brilhante o contexto atual do Brasil  (educação, economia, política...). Está muito bem escrito e a leitura é muito fácil e agradável!! Estou postando porque é uma ótima fonte de informações gerais sobre o nosso país. Recomendo fortemente que vocês leiam o  texto INTEIRO prestando muita atenção!! Tentem refletir sobre as questões apresentadas. Garanto que vai ajudar muito na hora de argumentar na redação do Enem que vocês vão fazer daqui a menos de um mês!! : )


“Balanço panorâmico do Brasil atual”














Palestra proferida por Roberto Civita
Presidente do Conselho e Editor do Grupo Abril
na Conferência J.P. Morgan Brazil Opportunities
Sheraton São Paulo WTC Hotel
São Paulo, 27 de novembro de 2012.
Boa tarde!


É um enorme prazer e uma honra fazer parte desta quinta edição anual da Brazil Opportunities Conference, promovida pelo J.P.Morgan, uma instituição com a qual o Grupo Abril tem uma relação já histórica.

Falar sobre o Brasil, suas oportunidades e seus desafios não é uma tarefa das mais triviais. Digo isso porque, a cada dia, a cada semana, a cada ano que se passa, este país, sua economia e sua sociedade se tornam mais modernas, mais sofisticadas e mais complexas. E, portanto, muito mais difíceis de serem analisados. Mas é justamente este movimento histórico vivido nos últimos anos – um andar para a frente, não sem percalços – que torna o Brasil um lugar tão fascinante. E é, provavelmente, por isso mesmo que vocês estão aqui hoje.

Afinal, que país é este? O que este gigante, com enorme extensão terroritorial e quase 200 milhões de habitantes, tem a oferecer a homens e mulheres de negócios vindos de todas as partes do mundo em busca de oportunidades de investimento e de crescimento? É o país da euforia vivida pelos investidores internacionais de dois anos atrás ou o país de taxas de crescimento modestíssimas de 2012? É um mercado de oportunidades quase infinitas, onde há tudo por ser feito, ou uma terra hostil para quem deseja investir e empreender?

Arrisco pouco ao dizer que o Brasil do presente é tudo isso ao mesmo tempo. Errará quem tentar decifrar nossa economia usando as lentes da euforia ou do ceticismo. Só compreenderá o mercado brasileiro quem abdicar do uso exclusivo das análises de curto prazo e conseguir enxergar o processo com horizontes mais amplos. Já há algum tempo, o Brasil não é o país do OU, uma nação de cenários extremos. Estamos no meio do caminho, o que torna nossas decisões no presente cruciais. A boa notícia, para vocês e para nós, brasileiros, é que a sociedade decidiu seguir em frente, abandonando as tentações de olhar para trás. A dúvida, hoje, é a velocidade que conseguiremos imprimir à nossa caminhada rumo ao desenvolvimento e como estaremos posicionados na corrida global em relação a nossos competidores.

Para tentar simplificar a complexidade do Brasil de hoje, optei por elaborar uma relação de aspectos positivos e negativos de nossa estrutura político-sócio-econômica. É interessante notar que, no decorrer da minha exposição, surgirão aparentes paradoxos. Algumas de nossas fraquezas estruturais podem – e devem – ser vistas como grandes oportunidades. Fortalezas, por vezes, escondem armadilhas. Esse é o fascínio do Brasil, sobretudo para quem gosta de alguma emoção.

Comecemos pelos aspectos positivos, aqueles que colocam o Brasil num patamar acima de seus competidores – sobretudo os diretos – e que são os grandes responsáveis por esta conferência de hoje.

·      Somos uma democracia sólida e estabelecida – certamente a mais sólida e estabelecida entre os países do chamado BRIC. A Rússia é quase uma ditadura disfarçada, assolada pela corrupção (um problema e tanto para qualquer investidor sério!). A Índia, com sua heterogênea população de 1 bilhão de habitantes, é uma democracia fragilizada por um processo político caótico e fracionado. Não custa lembrar que, embora o hindi seja a língua oficial da Índia, os dialetos locais passam de 300 e as províncias reconhecem como oficiais outros cinco idiomas. A China é um gigantesco, surpreendente e poderoso animal exótico – economicamente semiaberto e politicamente ainda uma didatura autoritária.

·      O Brasil é integrado por um só idioma e está livre de divisões religiosas – este é o país do sincretismo – e de regionalismos separatistas. Também estamos livres de tensões belicosas com os vizinhos, com os quais compartilhamos 15.700 quilômetros de fronteiras, sendo que nenhum centímetro deles é objeto de disputa ou cobiça. Finalmente, aqui não há notícias de terremotos, tsunamis ou furacões avassaladores. Temos sido poupados, como poucos, das forças destrutivas da natureza.

Essas características essenciais – históricas e geográficas -- nos distinguem formidavelmente no mundo. Há outras, forjadas pelas circunstâncias. E há, ainda, uma terceira categoria, fruto de nossa vontade como povo. A conjunção desses três fatores é sinérgica, e faz do Brasil um país, uma economia e um mercado sem igual no planeta.

·      Nossas instituições funcionam relativamente bem – e, gradativamente, vêm sendo fortalecidas. O mais extraordinário sinal disso tem sido a atuação do Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão, o maior escândalo financeiro e político da nossa história – certamente um “turning point” num país em que os poderosos nunca eram punidos. O episódio, afinal, reafirma que a Lei deve ser seguida – e que ela vale para todos.

·      Somos um país de imprensa livre e independente, um patrimônio defendido em diferentes ocasiões por uma presidente que, não esqueçamos, tem sua origem na esquerda e está cercada por muitos auxiliares e conselheiros que insistem em defender “o controle social da mídia”.  "Prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras", declarou Dilma Rousseff em seu discurso de posse. A frase foi repetida por ela em outras ocasiões – certamente como um recado aos que defendem o contrário. Mais importante que o discurso de aliança com a liberdade de expressão, porém, é a coerência entre as palavras e os atos. Goste o governo ou não do resultado, a imprensa brasileira vem fazendo seu trabalho de investigar malfeitos, apontar desvios, ouvir pontos de vista discordantes e cobrar providências.

·      A sociedade brasileira se torna cada vez menos tolerante à prática descarada da corrupção. E isso vem se refletindo nos atos do governo. No primeiro ano de mandato da atual presidente, seis ministros envolvidos em escândalos revelados pela imprensa perderam seus cargos.

·      Nossa região, a América Latina, se dividiu nos últimos anos em dois blocos de países. O Brasil optou por fazer parte do grupo da racionalidade, tanto em termos econômicos quanto políticos. Damos, vez ou outra, nossas derrapadas, mas estamos mais para Colômbia, Peru e Chile do que para Venezuela, Bolívia e Argentina.

·      Criamos um respeitável mercado de consumo interno, fortalecido pela ascensão da chamada “nova classe média”, um contingente de 35 milhões de brasileiros que, nos últimos dez anos, deixaram a condição de pobres para se tornarem consumidores de bens e serviços. Na última década, a estrutura econômica brasileira adquiriu uma "geometria" muito mais equilibrada. Não formamos mais a pirâmide clássica, com uma gigantesca base de miseráveis e um topo de poucos muito ricos. Apesar das enormes carências que ainda temos, somos, hoje, um país mais civilizado e desenvolvido.

·      Somos, também, um país de riqueza menos concentrada regionalmente. O crescimento vem se deslocando rapidamente para o interior, reduzindo desequilíbrios históricos. Regiões do Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentam taxas asiáticas de expansão, impulsionadas pela força do agronegócio, do setor de commodities e do aumento do consumo. O Brasil é um país, a cada dia, mais urbano. E, como sabemos, é nas cidades que a vida acontece – aqui e em qualquer outro lugar do mundo. Adicionalmente, aumenta o equilíbrio entre as classes sociais. Um estudo da OCDE mostra que nenhuma outra grande economia reduziu a desigualdade de renda como o Brasil nos últimos 20 anos. Entre 1995 e 2008, nosso coeficiente de Gini caiu de 0,605 para 0,549. Desde o ano 2000, a taxa média de crescimento real da renda das classes A e B foi de 10%. No mesmo período, a metade mais pobre da população brasileira apresentou um ganho real per capita de 68%. Neste quesito, estamos na contramão de boa parte do mundo. Os demais países do BRIC tornam-se mais desiguais conforme enriquecem. E a recente crise econômica, definitivamente, não fez bem ao equilíbrio socioeconômico de nações modelares como a Alemanha e os Estados Unidos. 


·      O Brasil também está vivendo o período de bônus demográfico. Nos próximos 20 anos, a população economicamente ativa atingirá seu ápice: 71% do total. Os motores da economia estarão, portanto, a plena carga, com produção e consumo projetados para níveis cada vez maiores.


·      Somos um país riquíssimo em recursos naturais – de água doce a minério, de terras férteis a insolação, de petróleo a florestas. Nos próximos anos, se tudo correr bem, o Brasil se tornará um dos maiores produtores de petróleo e gás do mundo. Ainda que com grandes dificuldades e percalços, uma cadeia de pequenas e grandes empresas ligadas a esse setor vem se moldando no país, trazendo consigo capital, emprego e tecnologia. Temos, enfim, condições de oferecer ao mundo o que ele hoje quer e precisa comprar. Seria temerário basear nossa economia apenas em commodities agrícolas, energéticas e minerais. Mas não podemos subestimar a importância delas num mundo cada vez mais demandante de energia e alimentos. Dependendo do que se faz com as riquezas que elas geram, as commodities podem ser uma bênção – e não uma maldição.

·      Graças ao tamanho de nosso mercado, a abundância de recursos naturais e as regras do jogo correspondentes, estamos hoje bastante integradas ao resto do mundo. Os investimentos estrangeiros continuam a bater recordes e temos um número crescente de empresas multinacionais com papel relevante aqui, tratadas – legalmente – exatamente como as nacionais.  Essa integração e igualdade de tratamento funcionam como uma espécie de blindagem contra medidas econômicas e políticas tresloucadas. Ainda que os governos quisessem, não poderiam adotá-las. O custo social e econômico seria insuportável.

·      Passamos por uma onda de empreendedorismo – por oportunidade – nunca vista antes no país. Isso, apesar de todos os obstáculos colocados à frente de quem quer fazer negócios no Brasil. O empreendedor brasileiro é um herói da resistência. E a quantidade de heróis vem crescendo – um movimento alimentado pela estabilidade da moeda, pelo crescimento do mercado de consumo, pela modernização do mercado de capitais e pelo acesso cada vez maior às novas tecnologias, que rompem barreiras de entrada. Entre 2000 e 2010 – apenas uma década – o número de empresas em operação no país cresceu quase 50% – são mais de 6 milhões de negócios dos mais diferentes portes, atuando nos mais diferentes setores. Um dado animador: a taxa de empresas que conseguem ultrapassar a barreira dos dois anos de existência passou de 50%, no início desta década, para mais de 70% em 2012.  

·      Temos uma infinidade de médias empresas, com baixos índices de profissionalização, que hoje enxergam a necessidade e a oportunidade da consolidação de mercado. Para investidores estrangeiros, isso é música. Para o mercado brasileiro, uma enorme oportunidade de modernização e ganho de escala.

·      Evoluímos consideravelmente na qualificação de nossos executivos e homens e mulheres de negócios. (As mulheres, aliás, são personagens cada vez mais presentes e influentes no mercado de consumo e no ambiente de trabalho.) Os profissionais brasileiros estão mais cosmopolitas, mais bem preparados e contam com uma característica que pode ser encarada como qualidade ou como risco: a flexibilidade. Em situações como a que o mundo está vivendo, ser flexível é uma vantagem. Vale lembrar que aprimoramos essa nossa herança histórica e cultural imersos em décadas de hiperinflação e de foco exclusivo nas horas – e não nos anos e décadas – seguintes. Naquele ambiente, só os flexíveis sobreviveram. Passada essa fase negra de nossa história econômica, o desafio passa a ser planejar.  Podemos – e devemos – nos voltar para o longo prazo como empresários e como sociedade.   

Economicamente falando, esse é o lado mais atraente do Brasil. Ele é real. Existe. Não é expressão de vontade ou fruto da ação de especuladores. Esse lado real do Brasil deve ser aproveitado, sobretudo porque há poucos países no mundo – e sobretudo neste nosso mundo em crise – que ofereçam um conjunto de características tão notáveis. Mas esse Brasil de crescimento, que evolui, avança e que dá tanta margem ao empreendedorismo, ao espírito animal do empresário, essa terra prometida onde há abundância de leite e mel convive com um lado arcaico, resistente e bruto.

 O Brasil é, para fazer uma comparação literária, o personagem da principal obra de Robert Louis Stevenson: às vezes, o genial e doce Dr. Jekyll, às vezes, o selvagem Mr. Hyde. É preciso conhecer o lado Hyde do Brasil para poder enfrentá-lo com chances maiores de sucesso.

Vejamos como nosso lado sombrio se manifesta: 

·      Apesar dos esforços feitos, a qualidade de nossa educação ainda é lamentável. O Brasil conseguiu praticamente universalizar o ensino fundamental, mas avança muito pouco na melhoria do padrão do que é ensinado em nossas escolas – sobretudo as públicas. Os testes internacionais estão aí para comprovar a dimensão dessa tragédia. No último Pisa – o  Programa Internacional de Avaliação de Alunos da OCDE –,   metade dos alunos brasileiros na faixa dos 15 anos não atingiu níveis mínimos de compreensão em matemática, leitura e ciências. (Isso, apesar da evolução de nossas notas nesse tipo de prova nos últimos anos!) Segundo a maior parte dos especialistas sensatos, não se trata de uma questão de quantidade de investimento na área, mas, sobretudo, de falta de gestão e de coragem para desafiar tabus e o corporativismo reinante no setor. Educação – e, sobretudo educação de qualidade – é um dos maiores sonhos de consumo da nova classe média brasileira. É esse sonho que sustenta a impressionante expansão das redes particulares de ensino. (O Brasil tem hoje a segunda maior rede de universidades privadas do mundo e mesmo nós, do Grupo Abril, temos um vigoroso braço educacional atuando na faixa do ensino básico). Mas, não tenhamos ilusões: a superação de nosso desafio educacional é uma missão que vai bastante além desta geração de brasileiros.

·      Essa fragilidade num setor vital para o presente e o futuro do país tem impacto direto na formação de nosso mercado de trabalho. Sofremos com uma enorme falta de mão de obra qualificada – de professores de ciências a profissionais de nível técnico. Estima-se um déficit de 150 000 engenheiros. Apenas a indústria de São Paulo, o maior centro econômico do país, precisará de 415 000 técnicos de nível médio nos próximos três anos. Não há, atualmente, estrutura para a formação desses quadros. Hoje, por absoluta falta de oferta, o salário de um soldador qualificado – com conhecimentos básicos de informática e capaz de ler um manual – está próximo dos quatro mil dólares mensais.

·      A situação da educação, da saúde pública, das condições de mobilidade nas grandes cidades nos leva ao segundo ponto crítico da estrutura brasileira: a carência de uma competente e eficiente gestão pública, em todas as esferas de governo. Aqui, ainda imperam as indicações políticas para cargos públicos. Empregos no governo continuam a ser a grande moeda de troca nos conchavos e alianças políticas. Contamos, sim, com centenas de milhares de profissionais de carreira na administração pública, gente bem treinada, competente, disposta a elaborar, a acompanhar e a cumprir metas. Isso graças aos altos salários pagos aos burocratas qualificados, à estabilidade garantida ao funcionalismo, e a um processo de seleção rígido, baseado em concursos públicos disputados. O grande problema está, normalmente, em quem manda nesses burocratas. Existem mais de 23.000 cargos de confiança, baseados em indicações políticas, só no governo federal. Para efeito de comparação, o governo americano mantém 8.000 cargos de confiança. O francês, 4.000. E o inglês, 300. Temos hoje, no Brasil, 23.000 dirigentes indicados politicamente mandando em mais de um milhão de funcionários concursados.


·      Insistimos em manter uma das mais complexas estruturas burocráticas do mundo, inclusive para quem quer fazer negócios. O Brasil é um país de cartórios, de carimbos, de firmas reconhecidas. São necessários, em média, 119 dias para se abrir uma nova empresa no país – um período de tempo muito maior que em economias sabidamente mais eficientes, como os Estados Unidos (seis dias). Mas o absurdo cresce quando nos comparamos com nações reconhecidamente frágeis. Em matéria de burocracia complexa, ineficiente e cara, perdemos do nosso vizinho Paraguai e, pasmem! ficamos atrás até da Ruanda.  Mudanças vêm ocorrendo – mas elas são poucas, lentas e claramente insuficientes.

·      Nosso sistema tributário é péssimo e só vem piorando. Entre 1988 e 2012, foram editadas mais de 290.000 normas tributárias – cerca de 30 por dia. Apenas para cumprir as normas dos fiscos, as empresas instaladas no Brasil gastam cerca de 45 bilhões de reais ao ano. Esse é o capítulo da complexidade. Nossa carga fiscal total é uma das mais altas do mundo, com baixíssima contrapartida para a sociedade.

·      Nossa infraestrutura também está muito aquém da necessidade das empresas e da ambição de crescimento do país. Temos deficiências em todas as áreas: geração e transmissão de energia, portos, aeroportos, estradas, ferrovias, hidrovias, mobilidade urbana. A carência de infraestrutura faz do Brasil uma das grandes oportunidades para as empresas e os investidores do setor. Esse é o lado bom da história. O ruim fica por conta dos gargalos evidentes, da falta de produtividade imediata e – uma novidade – da crescente insegurança em relação às regras que regem os negócios firmados entre governo e iniciativa privada. Infraestrutura é investimento de retornos de longo prazo. Sem a certeza do cumprimento dos contratos, os interessados tornam-se raros ou desaparecem. Um risco que, até os representantes do Estado forte no governo sabem, não podemos correr.


·      Temos uma legislação trabalhista primitiva e paternalista, que não acompanhou as transformações do mercado ao longo das últimas seis décadas. O trabalhador brasileiro custa muito às empresas – não necessariamente em função dos salários pagos, mas dos encargos que são obrigadas a pagar, sem direito a negociações entre as partes. A Justiça do Trabalho conta com quase 41.000 servidores e custou mais de 11 bilhões de reais aos cofres públicos em 2011. Num período de apenas cinco anos – de 2006 a 2010 – recebeu quase 14 milhões de novas ações, boa parte delas movidas por firulas, que geram insegurança e custos e drenam energia por parte das empresas.

·      Esses e outros problemas, somados, fazem com que o trabalhador médio do país seja muito pouco produtivo. Hoje, são necessários cinco brasileiros para produzir o equivalente ao que faz um único trabalhador americano.

·      Por conta da baixa qualificação da média dos nossos profissionais, de um histórico de pouca concorrência, de muita burocracia e uma aversão ao risco que só agora começa a ser vencida, somos um país que inova muito pouco. Desde 2009, a China é o segundo país do mundo em investimentos em pesquisa e desenvolvimento. O Brasil é o nono. A China ainda não pode ser considerda uma nação inovadora. Mas está se preparando para ser, com uma velocidade e uma capacidade de planejamento invejáveis.


Essas mazelas estruturais da nossa economia – tão reais quanto nossos avanços – unem-se agora a um risco conjuntural, que não pode ser ignorado: o excesso de visão de curto prazo do governo e sua crença na capacidade do Estado de arbitrar os preços da economia – uma tentação que conduz inevitavelmente ao desastre. Em repetidas ocasiões, representantes do governo têm vindo a público para dizer que o conhecido tripé da estabilidade (câmbio flutuante, metas de inflação e superávit fiscal) é intocável. Esperamos, sinceramente, que seja. Mas preocupam as liberdades que as autoridades monetária e fiscal têm tomado ultimamente, cada vez com maior frequência. Sabemos bem que essas liberdades sempre cobram um preço – e ele pode ser alto demais para um país que tenta mostrar ao mundo que é muito mais Dr. Jekill que Mr. Hyde.

Trata-se de um ponto de discussão num país aonde, para nossa sorte, o consenso vem se estabelecendo. Há alguns pontos já inegociáveis para a sociedade. Precisamos – e queremos – atingir um patamar de crescimento sustentado. Geração de renda, mais empregos, mobilidade social, desenvolvimento econômico e social são, hoje, a melhor garantia de voto para os políticos do país. Não há outra agenda possível ou viável politicamente. E a força desse consenso não pode ser desprezada.

Acadêmicos, empresários, investidores, políticos da situação e da oposição e até alguns editores e jornalistas conseguem enxergar com clareza quais são os reais problemas do Brasil. A agenda é óbvia e os discursos convergem para a necessidade de derrubar os obstáculos à nossa eficiência e competitividade. Há concordância sobre o que devemos atacar e sobre a importância de se fazer isso com urgência. Vozes discordantes e retrógradas são cada vez mais apartadas pela sociedade. Pregam para o que está se transformando num deserto.  Talvez esse seja o maior dos avanços brasileiros. Somos um país unido na vontade de crescer e de prosperar como nação, como democracia e como sociedade.

A dúvida – de muitos bilhões de dólares – está em nossa capacidade de atacar nossos problemas com garra, bom senso, competência e velocidade. Já fizemos isso em outros momentos. Nossa democracia consolidade e a estabilidade monetária são as maiores provas de nossa capacidade de superação.

Como representante da mídia, tenho a obrigação e a satisfação de dizer que os grandes veículos do país, assim como a boa imprensa especializada, vêm contribuindo para jogar luzes sobre esse cenário, apontando erros e atrasos, e refletindo os anseios da sociedade, das empresas e de suas associações. Como já foi dito antes, este é um país de liberdade de expressão. E isso também é essencial para ajudar a manter o rumo.

Agora, precisamos de governantes e legisladores que transformem discurso em ação e que tomem como principal missão a simplificação, a racionalização e a execução rápida das mudanças necessárias para que o lado brilhante do Brasil – com suas fantásticas possibilidades e oportunidades – prevaleça. A tarefa é gigantesca e primordialmente nossa. Mas contamos com – e agradecemos desde já – a sua ajuda.
Muito obrigado.

Dica da professora Gerusa!! Assunto vs Tema

Tenho percebido um erro muito grave nas redações dos candidatos ao Enem: diferenciar ASSUNTO de TEMA.

Normalmente, lhe será dado um TEMA, então vamos lá: 
ASSUNTO = fato especifico, mas também uma referência genérica 
TEMA = é a discussão direcionada sobre o assunto.
EX: Copa do mundo de 2014 = ASSUNTO
Como a Copa de 2014 pode trazer benefícios ao Brasil? = TEMA

Entendido? Lembrem-se: FUGIR DO TEMA É FALTA GRAVE E PODE ANULAR SEU TEXTO.