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terça-feira, 31 de dezembro de 2013
domingo, 8 de dezembro de 2013
FRASE DO DIA DA MARLISE MACHADO SOBRE A LEITURA!!
As pessoas acham que a leitura de um
livro deve ser feita de maneira rápida. Parece que estão competindo para ver
quem chega primeiro no final. "Já estou na pág. 120 e comecei ontem".
Têm vergonha de dizer que levaram um mês para ler 120 pgs. (eu às vezes levo
esse tempo para ler menos)
Mal sabem elas que cada um tem seu
ritmo, e que o legal é o caminho da pág. 1 até a última. Sem pressa,
degustando.
Eu desconfio de quem lê um livro em um
dia, é como comer uma sobremesa às bocadas. Não se sente o gosto.
domingo, 27 de outubro de 2013
Tema da redação do Enem 2013: Lei Seca.
http://m.g1.globo.com/educacao/enem/2013/noticia/2013/10/tema-da-redacao-do-enem-2013-fala-sobre-lei-seca-no-brasil.html
A prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2013 tem como tema "Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil”. A informação foi divulgada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) minutos após o fechamento dos portões dos locais de prova pelo Brasil.
Pelo Twitter, o Inep afirmou que "sobre esse tema, os participantes devem desenvolver um texto dissertativo-argumentativo segundo os critérios definidos no Edital do exame." A autarquia do Ministério da Educação disse ainda que os candidatos deverão redigir o texto "a partir de leitura dos textos motivadores apresentados no exame".
Veja abaixo todos os temas que já caíram na prova de redação do Enem :
A redação do Enem exige do candidato o domínio da língua portuguesa, a compreensão do tema, a capacidade de organizar as ideias, a argumentação e a solução do aluno para o tema sugerido. Fugir ao tema é um dos motivos que pode levar os examinadores do Enem a dar nota zero para a redação do candidato.
O texte deve ser redigido no formato dissertativo-argumentativo de no mínimo oito e no máximo 30 linhas. O tema da redação do Enem vem acompanhado pelo o que Ministério da Educação chama de "textos motivadores", que podem ser charges, quadrinhos, trechos de livros, notícias ou outros tipos de texto para fazer o estudante refletir e ajudá-lo na produção da redação. Segundo o manual da redação divulgado pelo Inep, o título é um elemento opcional na produção da sua redação.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
RECADO DA PROFESSORA MARLISE SOBRE O QUE FAZER NESSAS ÚLTIMAS HORAS ANTES DO ENEM
Oi pessoal!! Larissa aqui : ) Sei exatamente como vocês estão se sentindo porque eu já passei por isso!! Mas para tranquilizar todo mundo, segue um recado da professora Marlise sobre o que fazer (ou NÃO fazer) nessas últimas horas antes da prova:
Escrevi esses dias na minha linha do tempo mais ou menos assim:
Perguntas da semana que receberam e receberão NÃO:
Marlise, tu sabes o tema da redação do ENEM?
Marlise, posso te entregar 437 redações pra tu dares uma "olhadinha"?
Marlise, se eu ler um livro essa semana minha redação melhora?
Marlise, será que o Chico Xavier pode aparecer no dia e me ditar uma redação?
Claro que esse trecho tem um tom de ironia e brincadeira, mas pensem bem: não é assim que ficamos quando estamos na véspera de alguma prova? Inseguros, tentando correr atrás do tempo perdido, lendo tudo e mais um pouco e acreditando em boatos sem nenhum fundamento.
Agora é hora de relaxar. Quando a carga é muito grande, seja posta por nós ou pelos outros, é difícil “colocar no papel” aquilo que aprendemos, ficamos presos.
Então, agora é hora de ficar tranquilo, não adianta mais se “descabelar”. Nós, do RED, acreditamos em cada um que teve o interesse de nos procurar e a humildade de aceitar e corrigir seus “erros”. Pedimos desculpas pela demora na entrega de algumas redações, mas tenho certeza que todas receberam a devida atenção.
Boa prova para todos. Ano que vem será de vitórias, mas por favor passem por aqui para contá-las.
Abraços virtuais
Prof.ª Marlise e time do RED.
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
10 dicas para fazer a redação do Enem - Tribuna da Bahia
Para quem está nos preparativos finais para prestar o Enem - que será realizado nos dias 26 e 27 de outubro - e outros exames, ainda dá tempo de se aprimorar para encarar as provas escritas e os testes.
3. Evite períodos longos e usar expressões como “eu acho” e “eu penso”. Torne as frases leves e curtas, sem inversão da sequência de dados e opiniões usando linguagem simples. Desde que usados adequadamente, para encerrar frases que expressam ideias diferentes, não faça economia de pontos finais
4. Saiba cercar-se de fontes. O estudante pode manejar uma coletânea de textos, que deve ser usada somente como referência para encaminhar seu próprio texto, sem transcrever frases alheias. A redação precisa ter autonomia em relação à proposta, ou seja, deve ser compreendida até por um leitor que desconhece o tema do exame
5. Concilie tema e proposta. Seja qual for a sua opinião, defenda-a com sensatez. Leia atentamente o que é proposto, avalie os conceitos e os argumentos em contrário. Mostre que compreendeu o tema e que sabe contextualizá-lo, de forma crítica e reflexiva, em um texto em prosa que seja claro e coerente
6. Evite fórmulas prontas. Há redatores que colecionam fórmulas mágicas e técnicas em um amontoado de efeitos que levam a um texto pífio ou sem noção de autoria. Utilize termos que sejam adequados ao seu tom e não tente usar expressões eruditas para impressionar os avaliadores. Seja simples e direto
7. Tenha estilo próprio. É muito importante que a redação tenha um rosto, por meio do qual se vislumbre um estilo por parte do redator
8. Enriqueça seu repertório. Manter-se atualizado e a par dos principais fatos é essencial
9. Título e tema devem estar em sintonia. É comum desvirtuar o tema proposto quando o vestibulando coloca um título sem relação com o mote e discorre sobre outro assunto. Se houver necessidade de título, coloque-o depois de elaborar o texto, sintetizando o que foi dito ao longo da redação
10. Utilize a norma culta prioritariamente. Fuja das abreviações do “internetês”, das marcas de oralidade como “né” e “ok” e de equívocos insistentes como “mortandela”, “rúbrica” e “perca” (em vez de “perda”)
Para finalizar, a Doutora em Linguística e em Língua Portuguesa destaca que os dois maiores vilões de uma redação, em que a oralidade não deve predominar, são os modismos e os clichês. “No primeiro, incluo expressões ou hábitos, modo de falar admitido pelo uso de uma língua, com caráter passageiro, nem sempre contrário à norma culta. Já em clichês estão as frases feitas e os vícios de linguagem, caracterizados pela durabilidade. Ambos têm em comum a repetição, o fato de empobrecer o vocabulário e denotar falta de estilo próprio. Então, devem ser evitados”, explica Vera.
http://www.tribunadabahia.com.br/2013/10/02/10-dicas-para-fazer-redacao-do-enem
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Balanço Panorâmico do Brasil Atual - por Roberto Civita
Olá RED, tudo bem? Segue o discurso do Roberto Civita (presidente do conselho do Grupo Abril). Neste discurso ele resume de forma brilhante o contexto atual do Brasil (educação, economia, política...). Está muito bem escrito e a leitura é muito fácil e agradável!! Estou postando porque é uma ótima fonte de informações gerais sobre o nosso país. Recomendo fortemente que vocês leiam o texto INTEIRO prestando muita atenção!! Tentem refletir sobre as questões apresentadas. Garanto que vai ajudar muito na hora de argumentar na redação do Enem que vocês vão fazer daqui a menos de um mês!! : )
“Balanço panorâmico do Brasil atual”
Palestra proferida por Roberto Civita
Presidente do Conselho e Editor do Grupo Abril
na Conferência J.P. Morgan Brazil Opportunities
Sheraton São Paulo WTC Hotel
São Paulo, 27 de novembro de 2012.
Boa tarde!
É um enorme prazer e uma honra fazer parte desta quinta
edição anual da Brazil Opportunities Conference, promovida pelo J.P.Morgan, uma
instituição com a qual o Grupo Abril tem uma relação já histórica.
Falar sobre o Brasil, suas oportunidades e seus desafios não
é uma tarefa das mais triviais. Digo isso porque, a cada dia, a cada semana, a
cada ano que se passa, este país, sua economia e sua sociedade se tornam mais
modernas, mais sofisticadas e mais complexas. E, portanto, muito mais difíceis
de serem analisados. Mas é justamente este movimento histórico vivido nos
últimos anos – um andar para a frente, não sem percalços – que torna o Brasil
um lugar tão fascinante. E é, provavelmente, por isso mesmo que vocês estão
aqui hoje.
Afinal, que país é este? O que este gigante, com enorme
extensão terroritorial e quase 200 milhões de habitantes, tem a oferecer a
homens e mulheres de negócios vindos de todas as partes do mundo em busca de
oportunidades de investimento e de crescimento? É o país da euforia vivida
pelos investidores internacionais de dois anos atrás ou o país de taxas de
crescimento modestíssimas de 2012? É um mercado de oportunidades quase
infinitas, onde há tudo por ser feito, ou uma terra hostil para quem deseja
investir e empreender?
Arrisco pouco ao dizer que o Brasil do presente é tudo isso
ao mesmo tempo. Errará quem tentar decifrar nossa economia usando as lentes da
euforia ou do ceticismo. Só compreenderá o mercado brasileiro quem abdicar do
uso exclusivo das análises de curto prazo e conseguir enxergar o processo com
horizontes mais amplos. Já há algum tempo, o Brasil não é o país do OU, uma
nação de cenários extremos. Estamos no meio do caminho, o que torna nossas
decisões no presente cruciais. A boa notícia, para vocês e para nós,
brasileiros, é que a sociedade decidiu seguir em frente, abandonando as
tentações de olhar para trás. A dúvida, hoje, é a velocidade que conseguiremos
imprimir à nossa caminhada rumo ao desenvolvimento e como estaremos
posicionados na corrida global em relação a nossos competidores.
Para tentar simplificar a complexidade do Brasil de hoje,
optei por elaborar uma relação de aspectos positivos e negativos de nossa
estrutura político-sócio-econômica. É interessante notar que, no decorrer da
minha exposição, surgirão aparentes paradoxos. Algumas de nossas fraquezas
estruturais podem – e devem – ser vistas como grandes oportunidades.
Fortalezas, por vezes, escondem armadilhas. Esse é o fascínio do Brasil,
sobretudo para quem gosta de alguma emoção.
Comecemos pelos aspectos positivos, aqueles que colocam o
Brasil num patamar acima de seus competidores – sobretudo os diretos – e que
são os grandes responsáveis por esta conferência de hoje.
· Somos
uma democracia sólida e estabelecida – certamente a mais sólida e estabelecida
entre os países do chamado BRIC. A Rússia é quase uma ditadura disfarçada,
assolada pela corrupção (um problema e tanto para qualquer investidor sério!).
A Índia, com sua heterogênea população de 1 bilhão de habitantes, é uma democracia
fragilizada por um processo político caótico e fracionado. Não custa lembrar
que, embora o hindi seja a língua oficial da Índia, os dialetos locais passam
de 300 e as províncias reconhecem como oficiais outros cinco idiomas. A China é
um gigantesco, surpreendente e poderoso animal exótico – economicamente
semiaberto e politicamente ainda uma didatura autoritária.
· O Brasil
é integrado por um só idioma e está livre de divisões religiosas – este é o
país do sincretismo – e de regionalismos separatistas. Também estamos livres de
tensões belicosas com os vizinhos, com os quais compartilhamos 15.700
quilômetros de fronteiras, sendo que nenhum centímetro deles é objeto de
disputa ou cobiça. Finalmente, aqui não há notícias de terremotos, tsunamis ou
furacões avassaladores. Temos sido poupados, como poucos, das forças
destrutivas da natureza.
Essas
características essenciais – históricas e geográficas -- nos distinguem
formidavelmente no mundo. Há outras, forjadas pelas circunstâncias. E há,
ainda, uma terceira categoria, fruto de nossa vontade como povo. A conjunção
desses três fatores é sinérgica, e faz do Brasil um país, uma economia e um
mercado sem igual no planeta.
·
Nossas instituições funcionam relativamente
bem – e, gradativamente, vêm sendo fortalecidas. O mais extraordinário sinal
disso tem sido a atuação do Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão,
o maior escândalo financeiro e político da nossa história – certamente um “turning
point” num país em que os poderosos nunca eram punidos. O episódio, afinal,
reafirma que a Lei deve ser seguida – e que ela vale para todos.
·
Somos um país de imprensa livre e
independente, um patrimônio defendido em diferentes ocasiões por uma presidente
que, não esqueçamos, tem sua origem na esquerda e está cercada por muitos
auxiliares e conselheiros que insistem em defender “o controle social da mídia”. "Prefiro o barulho da imprensa
livre ao silêncio das ditaduras", declarou Dilma Rousseff em seu discurso
de posse. A frase foi repetida por ela em outras ocasiões – certamente como um
recado aos que defendem o contrário. Mais importante que o discurso de aliança
com a liberdade de expressão, porém, é a coerência entre as palavras e os atos.
Goste o governo ou não do resultado, a imprensa brasileira vem fazendo seu
trabalho de investigar malfeitos, apontar desvios, ouvir pontos de vista
discordantes e cobrar providências.
·
A sociedade brasileira se torna cada vez
menos tolerante à prática descarada da corrupção. E isso vem se refletindo nos
atos do governo. No primeiro ano de mandato da atual presidente, seis ministros
envolvidos em escândalos revelados pela imprensa perderam seus cargos.
· Nossa
região, a América Latina, se dividiu nos últimos anos em dois blocos de países.
O Brasil optou por fazer parte do grupo da racionalidade, tanto em termos
econômicos quanto políticos. Damos, vez ou outra, nossas derrapadas, mas
estamos mais para Colômbia, Peru e Chile do que para Venezuela, Bolívia e
Argentina.
· Criamos
um respeitável mercado de consumo interno, fortalecido pela ascensão da chamada
“nova classe média”, um contingente de 35 milhões de brasileiros que, nos
últimos dez anos, deixaram a condição de pobres para se tornarem consumidores
de bens e serviços. Na última década, a estrutura econômica brasileira adquiriu
uma "geometria" muito mais equilibrada. Não formamos mais a pirâmide
clássica, com uma gigantesca base de miseráveis e um topo de poucos muito
ricos. Apesar das enormes carências que ainda temos, somos, hoje, um país mais
civilizado e desenvolvido.
· Somos,
também, um país de riqueza menos concentrada regionalmente. O crescimento vem
se deslocando rapidamente para o interior, reduzindo desequilíbrios históricos.
Regiões do Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentam taxas asiáticas de
expansão, impulsionadas pela força do agronegócio, do setor de commodities e do
aumento do consumo. O Brasil é um país, a cada dia, mais urbano. E, como
sabemos, é nas cidades que a vida acontece – aqui e em qualquer outro lugar do
mundo. Adicionalmente, aumenta o equilíbrio entre as classes sociais. Um estudo
da OCDE mostra que nenhuma outra grande economia reduziu a desigualdade de
renda como o Brasil nos últimos 20 anos. Entre 1995 e 2008, nosso coeficiente
de Gini caiu de 0,605 para 0,549. Desde o ano 2000, a taxa média de crescimento
real da renda das classes A e B foi de 10%. No mesmo período, a metade mais
pobre da população brasileira apresentou um ganho real per capita de 68%. Neste
quesito, estamos na contramão de boa parte do mundo. Os demais países do BRIC
tornam-se mais desiguais conforme enriquecem. E a recente crise econômica, definitivamente,
não fez bem ao equilíbrio socioeconômico de nações modelares como a Alemanha e
os Estados Unidos.
· O Brasil
também está vivendo o período de bônus demográfico. Nos próximos 20 anos, a
população economicamente ativa atingirá seu ápice: 71% do total. Os motores da
economia estarão, portanto, a plena carga, com produção e consumo projetados
para níveis cada vez maiores.
· Somos um
país riquíssimo em recursos naturais – de água doce a minério, de terras
férteis a insolação, de petróleo a florestas. Nos próximos anos, se tudo correr
bem, o Brasil se tornará um dos maiores produtores de petróleo e gás do mundo.
Ainda que com grandes dificuldades e percalços, uma cadeia de pequenas e
grandes empresas ligadas a esse setor vem se moldando no país, trazendo consigo
capital, emprego e tecnologia. Temos, enfim, condições de oferecer ao mundo o
que ele hoje quer e precisa comprar. Seria temerário basear nossa economia
apenas em commodities agrícolas, energéticas e
minerais. Mas não podemos subestimar a importância delas num mundo cada vez
mais demandante de energia e alimentos. Dependendo do que se faz com as
riquezas que elas geram, as commodities podem ser uma bênção – e não uma
maldição.
· Graças
ao tamanho de nosso mercado, a abundância de recursos naturais e as regras do
jogo correspondentes, estamos hoje bastante integradas ao resto do mundo. Os
investimentos estrangeiros continuam a bater recordes e temos um número
crescente de empresas multinacionais com papel relevante aqui, tratadas – legalmente – exatamente como as
nacionais. Essa integração e igualdade de tratamento funcionam como uma
espécie de blindagem contra medidas econômicas e políticas tresloucadas. Ainda
que os governos quisessem, não poderiam adotá-las. O custo social e econômico
seria insuportável.
· Passamos
por uma onda de empreendedorismo – por oportunidade – nunca vista antes no
país. Isso, apesar de todos os obstáculos colocados à frente de quem quer fazer
negócios no Brasil. O empreendedor brasileiro é um herói da resistência. E a
quantidade de heróis vem crescendo – um movimento alimentado pela estabilidade
da moeda, pelo crescimento do mercado de consumo, pela modernização do mercado
de capitais e pelo acesso cada vez maior às novas tecnologias, que rompem
barreiras de entrada. Entre 2000 e 2010
– apenas uma década – o número de empresas em operação no país cresceu quase
50% – são mais de 6 milhões de negócios dos mais diferentes portes, atuando nos
mais diferentes setores. Um dado animador: a taxa de empresas que conseguem
ultrapassar a barreira dos dois anos de existência passou de 50%, no início
desta década, para mais de 70% em 2012.
· Temos
uma infinidade de médias empresas, com baixos índices de profissionalização,
que hoje enxergam a necessidade e a oportunidade da consolidação de mercado.
Para investidores estrangeiros, isso é música. Para
o mercado brasileiro, uma enorme oportunidade de modernização e ganho de
escala.
· Evoluímos
consideravelmente na qualificação de nossos executivos e homens e mulheres de
negócios. (As mulheres, aliás, são personagens cada vez mais presentes e
influentes no mercado de consumo e no ambiente de trabalho.) Os profissionais
brasileiros estão mais cosmopolitas, mais bem preparados e contam com uma característica que pode ser encarada
como qualidade ou como risco: a flexibilidade. Em situações como a que o mundo
está vivendo, ser flexível é uma vantagem. Vale lembrar que aprimoramos essa
nossa herança histórica e cultural imersos em décadas de hiperinflação e de
foco exclusivo nas horas – e não nos anos e décadas – seguintes. Naquele
ambiente, só os flexíveis sobreviveram. Passada essa fase negra de nossa
história econômica, o desafio passa a ser planejar. Podemos – e devemos – nos voltar para o longo
prazo como empresários e como sociedade.
Economicamente falando, esse é o lado mais atraente do
Brasil. Ele é real. Existe. Não é expressão de vontade ou fruto da ação de
especuladores. Esse lado real do Brasil deve ser aproveitado, sobretudo porque
há poucos países no mundo – e sobretudo neste nosso mundo em crise – que
ofereçam um conjunto de características tão notáveis. Mas esse Brasil de
crescimento, que evolui, avança e que dá tanta margem ao empreendedorismo, ao
espírito animal do empresário, essa terra prometida onde há abundância de leite
e mel convive com um lado arcaico, resistente e bruto.
O Brasil é, para
fazer uma comparação literária, o personagem da principal obra de Robert Louis
Stevenson: às vezes, o genial e doce Dr. Jekyll, às vezes, o selvagem Mr. Hyde.
É preciso conhecer o lado Hyde do Brasil para poder enfrentá-lo com chances
maiores de sucesso.
Vejamos como nosso lado sombrio se manifesta:
· Apesar
dos esforços feitos, a qualidade de nossa educação ainda é lamentável. O Brasil
conseguiu praticamente universalizar o ensino fundamental, mas avança muito
pouco na melhoria do padrão do que é ensinado em nossas escolas – sobretudo as
públicas. Os testes internacionais estão aí para comprovar a dimensão dessa
tragédia. No último Pisa – o Programa
Internacional de Avaliação de Alunos da OCDE –,
metade dos alunos brasileiros na
faixa dos 15 anos não atingiu níveis mínimos de compreensão em matemática,
leitura e ciências. (Isso, apesar da evolução de nossas notas nesse tipo de
prova nos últimos anos!) Segundo a maior
parte dos especialistas sensatos, não se trata de uma questão de quantidade de
investimento na área, mas, sobretudo, de falta de gestão e de coragem para
desafiar tabus e o corporativismo reinante no setor. Educação – e, sobretudo
educação de qualidade – é um dos maiores sonhos de consumo da nova classe média
brasileira. É esse sonho que sustenta a impressionante expansão das redes
particulares de ensino. (O Brasil tem hoje a segunda maior rede de
universidades privadas do mundo e mesmo nós, do Grupo Abril, temos um vigoroso
braço educacional atuando na faixa do ensino básico). Mas, não tenhamos
ilusões: a superação de nosso desafio educacional é uma missão que vai bastante
além desta geração de brasileiros.
· Essa
fragilidade num setor vital para o presente e o futuro do país tem impacto
direto na formação de nosso mercado de trabalho. Sofremos com uma enorme falta
de mão de obra qualificada – de professores de ciências a profissionais de
nível técnico. Estima-se um déficit de 150 000 engenheiros. Apenas a indústria
de São Paulo, o maior centro econômico do país, precisará de 415 000 técnicos
de nível médio nos próximos três anos. Não há, atualmente, estrutura para a
formação desses quadros. Hoje, por absoluta falta de oferta, o salário de um
soldador qualificado – com conhecimentos básicos de informática e capaz de ler
um manual – está próximo dos quatro mil dólares mensais.
· A
situação da educação, da saúde pública, das condições de mobilidade nas grandes
cidades nos leva ao segundo ponto crítico da estrutura brasileira: a carência
de uma competente e eficiente gestão pública, em todas as esferas de governo.
Aqui, ainda imperam as indicações políticas para cargos públicos. Empregos no
governo continuam a ser a grande moeda de troca nos conchavos e alianças
políticas. Contamos, sim, com centenas de milhares de profissionais de carreira
na administração pública, gente bem treinada, competente, disposta a elaborar,
a acompanhar e a cumprir metas. Isso graças aos altos salários pagos aos
burocratas qualificados, à estabilidade garantida ao funcionalismo, e a um
processo de seleção rígido, baseado em concursos públicos disputados. O grande
problema está, normalmente, em quem manda nesses burocratas. Existem
mais de 23.000 cargos de confiança, baseados em indicações políticas, só no
governo federal. Para efeito de comparação, o governo americano mantém 8.000 cargos
de confiança. O francês, 4.000. E o inglês, 300. Temos hoje, no Brasil, 23.000 dirigentes
indicados politicamente mandando em mais de um milhão de funcionários
concursados.
· Insistimos
em manter uma das mais complexas estruturas burocráticas do mundo, inclusive
para quem quer fazer negócios. O Brasil é um país de cartórios, de carimbos, de
firmas reconhecidas. São necessários, em média, 119 dias para se abrir uma nova
empresa no país – um período de tempo muito maior que em economias sabidamente
mais eficientes, como os Estados Unidos (seis dias). Mas o absurdo cresce
quando nos comparamos com nações reconhecidamente frágeis. Em matéria de
burocracia complexa, ineficiente e cara, perdemos do nosso vizinho Paraguai e,
pasmem! ficamos atrás até da Ruanda. Mudanças vêm ocorrendo – mas elas
são poucas, lentas e claramente insuficientes.
· Nosso sistema
tributário é péssimo e só vem piorando. Entre 1988 e 2012, foram editadas
mais de 290.000 normas tributárias – cerca de 30 por dia. Apenas para
cumprir as normas dos fiscos, as empresas instaladas no Brasil gastam cerca de
45 bilhões de reais ao ano. Esse é o capítulo da complexidade. Nossa carga fiscal
total é uma das mais altas do mundo, com baixíssima contrapartida para a
sociedade.
· Nossa
infraestrutura também está muito aquém da necessidade das empresas e da ambição
de crescimento do país. Temos deficiências em todas as áreas: geração e
transmissão de energia, portos, aeroportos, estradas, ferrovias, hidrovias,
mobilidade urbana. A carência de infraestrutura faz do Brasil uma das grandes
oportunidades para as empresas e os investidores do setor. Esse é o lado bom da
história. O ruim fica por conta dos gargalos evidentes, da falta de
produtividade imediata e – uma novidade – da crescente insegurança em relação
às regras que regem os negócios firmados entre governo e iniciativa privada.
Infraestrutura é investimento de retornos de longo prazo. Sem a certeza do
cumprimento dos contratos, os interessados tornam-se raros ou desaparecem. Um risco que, até os representantes do Estado
forte no governo sabem, não podemos correr.
· Temos
uma legislação trabalhista primitiva e paternalista, que não acompanhou as
transformações do mercado ao longo das últimas seis décadas. O trabalhador brasileiro
custa muito às empresas – não necessariamente em função dos salários pagos, mas
dos encargos que são obrigadas a pagar, sem direito a negociações entre as
partes. A Justiça do Trabalho conta com quase 41.000 servidores e custou mais
de 11 bilhões de reais aos cofres públicos em 2011. Num período de apenas cinco anos – de 2006 a
2010 – recebeu quase 14 milhões de novas ações, boa parte delas movidas por
firulas, que geram insegurança e custos e drenam energia por parte das
empresas.
· Esses e
outros problemas, somados, fazem com que o trabalhador médio do país seja muito
pouco produtivo. Hoje, são necessários cinco brasileiros para produzir o
equivalente ao que faz um único trabalhador americano.
· Por
conta da baixa qualificação da média dos nossos profissionais, de um histórico
de pouca concorrência, de muita burocracia e uma aversão ao risco que só agora
começa a ser vencida, somos um país que inova muito pouco. Desde 2009, a China
é o segundo país do mundo em investimentos em pesquisa e desenvolvimento. O
Brasil é o nono. A China ainda não pode ser considerda uma nação inovadora. Mas
está se preparando para ser, com uma velocidade e uma capacidade de
planejamento invejáveis.
Essas mazelas estruturais da nossa economia – tão reais quanto
nossos avanços – unem-se agora a um risco conjuntural, que não pode ser
ignorado: o excesso de visão de curto prazo do governo e sua crença na
capacidade do Estado de arbitrar os preços da economia – uma tentação que
conduz inevitavelmente ao desastre. Em repetidas ocasiões, representantes do
governo têm vindo a público para dizer que o conhecido tripé da estabilidade
(câmbio flutuante, metas de inflação e superávit fiscal) é intocável. Esperamos,
sinceramente, que seja. Mas preocupam as liberdades que as autoridades
monetária e fiscal têm tomado ultimamente, cada vez com maior frequência.
Sabemos bem que essas liberdades sempre cobram um preço – e ele pode ser alto
demais para um país que tenta mostrar ao mundo que é muito mais Dr. Jekill que
Mr. Hyde.
Trata-se de um ponto de discussão num país aonde, para nossa
sorte, o consenso vem se estabelecendo. Há alguns pontos já inegociáveis para a
sociedade. Precisamos – e queremos – atingir um patamar de crescimento
sustentado. Geração de renda, mais empregos, mobilidade social, desenvolvimento
econômico e social são, hoje, a melhor garantia de voto para os políticos do
país. Não há outra agenda possível ou viável politicamente. E a força desse
consenso não pode ser desprezada.
Acadêmicos, empresários, investidores, políticos da situação
e da oposição e até alguns editores e jornalistas conseguem enxergar com
clareza quais são os reais problemas do Brasil. A agenda é óbvia e os discursos
convergem para a necessidade de derrubar os obstáculos à nossa eficiência e competitividade.
Há concordância sobre o que devemos atacar e sobre a importância de se fazer
isso com urgência. Vozes discordantes e retrógradas são cada vez mais apartadas
pela sociedade. Pregam para o que está se transformando num deserto. Talvez esse seja o maior dos avanços
brasileiros. Somos um país unido na vontade de crescer e de prosperar como
nação, como democracia e como sociedade.
A dúvida – de muitos bilhões de dólares – está em nossa
capacidade de atacar nossos problemas com garra, bom senso, competência e
velocidade. Já fizemos isso em outros momentos. Nossa democracia consolidade e
a estabilidade monetária são as maiores provas de nossa capacidade de
superação.
Como representante da mídia, tenho a obrigação e a
satisfação de dizer que os grandes veículos do país, assim como a boa imprensa
especializada, vêm contribuindo para jogar luzes sobre esse cenário, apontando
erros e atrasos, e refletindo os anseios da sociedade, das empresas e de suas
associações. Como já foi dito antes, este é um país de liberdade de expressão. E
isso também é essencial para ajudar a manter o rumo.
Agora,
precisamos de governantes e legisladores que transformem discurso em ação e que
tomem como principal missão a simplificação, a racionalização e a execução
rápida das mudanças necessárias para que o lado brilhante do Brasil – com suas fantásticas
possibilidades e oportunidades – prevaleça. A tarefa é gigantesca e
primordialmente nossa. Mas contamos com – e agradecemos desde já – a sua ajuda.
Muito obrigado.
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